As duas fotos ao lado são amostras muito pálidas de como encontrei meu quintal quando nos mudamos de volta lá de Balneário Camboriu, em Santa Catarina. Ao migrarmos para lá, emprestamo-la a um jornalista, que a deixou, sem nos avisar, tal como se pode ver nos detalhes. Havia madeira apodrecendo, encostada na tulha, cuja vista era impedida por capim napiê de dois a três metros de altura; a grama do quintal foi tomada por capim braquiária e na segunda foto mal se pode ver o canil cercado por pés enormes de assa-peixes, capim e ervas daninhas. Compare-se com as fotos posteriores, depois de um ano de trabalho e paciência com o capim, cortando-o religiosamente a cada duas semanas e temos o quintal das últimas fotos. Onde havia o napiê voltou a ser nossa singela horta e onde estavam os assa-peixes e erva daninhas avançamos ainda mais um quintal florido.
Hoje muitos meses depois, após um trabalho braçal gigantesco, conseguimos, Vania e eu, dar conta do recado. Não acabamos ainda; melhor dizendo, há muito o que fazer, mas não se compara o que vimos então, com o que vemos agora. Tudo roçado, as árvores podadas com respeito, a encosta do pomar já recuperada e suas árvores frutíferas, já carregadas. No primeiro ano, no máximo colhemos laranjas, que são rústicas e teimosas. De resto, nada mais. Mesmo sem acabar o processo, no correr desse segundo ano de recuperação, já colhemos calaburas, jaracatiás, figos, algumas mangas, abacates aos montes (estes também são teimosos); colhemos ainda algumas cabeludinhas, graviolas e nêsperas.
Agora já posso vislumbrar uma primavera abundante de flores e frutos no verão. Tenho, a cada dia, me iniciado em alguma arte de sobrevivência aqui neste bosque plantado por nossas mãos. Como exemplo aprendi a construir portões de ripas para conter nossos cães enquanto vamos a cidade a trabalho. Fincar mourões e esticar arame farpado foi um desafio e tanto! Sem a prática do homem do campo, acabei usando umas luvas de borracha especial para reduzir os estragos na pele da mão; ainda assim, alguns cortes foram inevitáveis.
Dominar a arte de conduzir água por curvas de nível também foi um drama. Usei, digamos o golpe de vista. Dizem que foi sorte de principiante! Mas não podem esquecer que a água por si mesma nos ensina por onde quer escorrer...
Acabei conseguindo que nossa horta desse novamente morangos, além dos itens de verduras e alguns frutos de horta. Foi um feito, porque decidimos que seriam morangos orgânicos (como tudo que plantamos), e todo mundo acha que morango sem veneno é quase um milagre; nasce pequeno, feio, pouco saboroso, pouco nutritivo - um zero à esquerda, afinal! Mas em minha horta eles reluzem, escarlates, ao sol da manhã. Um espetáculo! (nota posterior: há o caso dos produtores da AAECOMINAS que obtém resultados maravilhosos e mesmo mais bonitos do que aqueles com veneno; creio que todo trabalho ecológico com frutas delicadas como os morangos acabam conseguindo esse "milagre" Veja postagem de http://avidanaserradocervo.blogspot.com/2009/07/aaecominas-e-o-recanto-das-orquideas.html e também: http://avidanaserradocervo.blogspot.com/2010/09/um-chuvisco-e-tudo-muda.html )
Dominar a arte de conduzir água por curvas de nível também foi um drama. Usei, digamos o golpe de vista. Dizem que foi sorte de principiante! Mas não podem esquecer que a água por si mesma nos ensina por onde quer escorrer...
Acabei conseguindo que nossa horta desse novamente morangos, além dos itens de verduras e alguns frutos de horta. Foi um feito, porque decidimos que seriam morangos orgânicos (como tudo que plantamos), e todo mundo acha que morango sem veneno é quase um milagre; nasce pequeno, feio, pouco saboroso, pouco nutritivo - um zero à esquerda, afinal! Mas em minha horta eles reluzem, escarlates, ao sol da manhã. Um espetáculo! (nota posterior: há o caso dos produtores da AAECOMINAS que obtém resultados maravilhosos e mesmo mais bonitos do que aqueles com veneno; creio que todo trabalho ecológico com frutas delicadas como os morangos acabam conseguindo esse "milagre" Veja postagem de http://avidanaserradocervo.blogspot.com/2009/07/aaecominas-e-o-recanto-das-orquideas.html e também: http://avidanaserradocervo.blogspot.com/2010/09/um-chuvisco-e-tudo-muda.html )
E assim é que vai continuando a história daquele sítio abandonado por quase ano e meio, entre 2007 e 2008. Não há nem mais sinal da passagem do tal jornalista!
PS.: A data das duas primeiras fotos na verdade deveriam ser de outubro de 2008, não fosse minha dificuldade em acertar a programação das informações. As outras fotos indicam que isso não é mais um problema; me senti um macaco do "2001-uma odisséia no espaço", depois de bater com uns cacos de ossos sobre seu visor, apareceu o obelisco misterioso que tudo explicava. Pulei como aqueles macacos, para cima e para os lados, guinchando de alegria por colocar a data certa em minhas clicadas. De lá para cá me vanglorio de já ter entrado na idade média da informática!!
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