domingo, 21 de fevereiro de 2010
A insustentável leveza do ser!
Tomo emprestado o nome do filme e livro para tratar de um tema singelo, de minha perspectiva, e trágico, da perspectiva do marimbondo. É! Não enlouqueço ainda! Trata-se da longa contemplação de uma caixa de marimbondos de bunda branca que escolheram o teto de minha pequena área para construir sua descendência. Atarefados e até certo ponto meio estabanados ao aterrissar sobre sua "casa", não raro pousavam sobre as costas rajadas de seus colegas, provocando um certo agito de asas em cadeia, que acabava por afetar a todos. Esse ir e vir de cada um deles, marcado por um voo que me pareceu também, em certa medida, meio alheado, me fazia meditar se era uma estratégia qualquer, que, lamento, não pude decifrar. No meio desta meditação tenho a surpresa desagradável de ver um dos inusitados vizinhos se enroscar nas teias de uma aranha que, e isso posso assegurar, a tecera como estratégia para pegar insetos e, quem sabe, seus vizinhos belicosos. Tive ímpetos de libertá-lo, argumentando que a aranha teria outras oportunidades para seu almoço. Vacilei um pouco, pensando que não deveria me meter em assuntos de terceiros, mas decidi entrar e pegar uma cadeira para com um varinha, delicadamente, desemaranhá-lo. Sabia que não podia demorar; as aranhas que "cultivo" ali, assim como os marimbondos, são seres determinados! E não deu outra! Ao voltar lá estava a aranha a poucos milímetros de sua presa, que nestas alturas, por desespero de causa, mais se enrolara. Por instantes me vi ali pensando o que fazer. Pela segunda vez decido que salvarei o marimbondo! Mas, era tarde. A aranha, num golpe certeiro, já o aferroara (ou o enredara, não sei) e seus movimentos já eram estertores de morte. Alguns instantes menos e teria salvo sua vida. Era sua única chance e falhei enquanto pensava nos direitos da aranha, que ela também é filha-de-deus, que é gente como a gente etc. Essa é a insustentável leveza do ser, a inefável seidade da existência! E mais! Eu posso ser a próxima vítima, não da aranha, que não ousaria enrolar um almoço tão volumoso, mas das teias do acaso, que alguns chamam "sorte", "fortuna" ou "Deus".
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