Adeus Serra do Cervo!

Você que lê este blog já me viu desistir de escrever nele uma outra vez, mas pelo motivo de não encontrar uma história que valesse a pena. Depois voltei atrás por saudades de falar de terra, de bichos e de meu estado de espírito nas serras. Bem, agora é definitivo! Não voltarei mais a este espaço para descrever minha lida pelas serras do Cervo, simplesmente porque não mais estarei por lá. Se vier a escrever sobre minha longa jornada por cada recanto daquele refúgio o será em outro blog, mas para dizer das saudades, reminiscências e imagens indeléveis desta vivência. Este blog será como uma árvore esquecida na retina do viajante em um trem que dispara pelo campo. Ou como mais uma lápide no grande cemitério da web. Grato àqueles que me brindaram com sua leitura. Antes de fechar de vez este espaço farei uma última blogagem, em respeito aos que me seguem. Manterei, limitadamente, o blog http://levileonel.blogspot.com

domingo, 24 de janeiro de 2010

A estrada do tempo do onça!

Passamos, Vania e eu, o sábado e domingo entre podas de hibiscos e arrumações da estrada que se estende do portão de entrada à velha casa que moramos. Podar as flores é um trabalho até bastante fácil. Quanto a aplainar a estrada a base de enxada e enxadão, trata-se de serviço que moe os músculos, endurece dolorosamente os punhos, lancina as costas e lombares, lateja os dedos dos pés e pinça os ombros. Isso tudo com muita sede e fraqueza que exige alimento calórico várias vezes no período. Não exagero. O chão está encharcado por chuvas de trinta dias quase ininterruptas, formando uma lama pegajosa e pesada, que gruda na lâmina das ferramentas e colam nossas botas ao chão. O cheiro de folhas podres nauseiam pelo tempo que estão deteriorando na chuva e a camada de pedriscos colocados no correr de décadas vai desaparecendo, tornando a tarefa de conduzir o carro serra acima uma aventura fora-de-estrada, literalmente.
Esse caminho tem mais de uma centena de anos e já foi uma via pela qual já passaram pessoas que buscavam novas fontes de ouro para garimpo; depois virou "rodovia" por meio da qual trafegavam carros de boi, caminhões e veículos de transporte de gente até as regiões vizinhas. Há pouco mais de vinte anos, construíram a estrada asfaltada para Espírito Santo do Dourado (aquela que corro a pé lá embaixo) e a que passa em frente de minha casa foi abandonada. Quando comprei este sítio, em 1994, o caminho, embora precário, estava preservado apenas até a entrada da velha casa. Daquele ano até agora venho tentando manter suas condições de rolagem a duras penas. E é disso que estou falando. De limpar a capa de terra arrastada sobre a base de pedregulho, para que os pneus se agarrem suficientemente, não nos deixando a meio caminho, no barro e na chuva.
Na noite passada mal pude dormir com dores nos ombros; Vania com dores nas costas. É claro que esta que se aproxima não será diferente. Mas valeu a pena! A estrada velha e rústica está mais transitável e nós um pouco menos ameaçados de atolar tendo que amassar barro até em casa. Afinal, as chuvas continuarão por pelo menos mais três meses...