Adeus Serra do Cervo!

Você que lê este blog já me viu desistir de escrever nele uma outra vez, mas pelo motivo de não encontrar uma história que valesse a pena. Depois voltei atrás por saudades de falar de terra, de bichos e de meu estado de espírito nas serras. Bem, agora é definitivo! Não voltarei mais a este espaço para descrever minha lida pelas serras do Cervo, simplesmente porque não mais estarei por lá. Se vier a escrever sobre minha longa jornada por cada recanto daquele refúgio o será em outro blog, mas para dizer das saudades, reminiscências e imagens indeléveis desta vivência. Este blog será como uma árvore esquecida na retina do viajante em um trem que dispara pelo campo. Ou como mais uma lápide no grande cemitério da web. Grato àqueles que me brindaram com sua leitura. Antes de fechar de vez este espaço farei uma última blogagem, em respeito aos que me seguem. Manterei, limitadamente, o blog http://levileonel.blogspot.com

quinta-feira, 4 de junho de 2009

São Paulo! São Paulo!

Gigante eternamente semi-adormecida à noite, semi-acordada durante o dia, por suas artérias correm veículos metálicos que carregam microrganismos grudados em volantes, tentando dar conta da própria vida ocupando-se das dos outros. Que fazer se esta é a condição do citadino? Bem, não tenho resposta! De minha parte vou me deslocando, vagarosa e decididamente, para uma vida fora deste centro, cujas inervações alcançam até Espírito Santo do Dourado. É dificil e complicado para quem viveu por trinta anos em SP - mas não impraticável - viver de/numa cidade pequena. Mas, se minhas pretensões forem outras que as do sujeito de mercado usual... quem sabe? Já estamos, V. e eu, nesse longo processo e até agora - seis anos depois - nada nos indica que não seja uma alternativa muito crível, exequível... digna. Não que não seja digno viver em SP, mas que custa-se acreditar que a dignidade não será soterrada pelo mau estado simbólico-histórico da cidadania paulistana, isso custa! Não falo, certamente, de certos nichos politizados, abastados ou de resistência civil/simbólica/política. Estes últimos me agradam profundamente, mas não me seduzem o suficiente para que eu queira, por exemplo, descansar, dormir ou me divertir em São Paulo. Qualquer dia volto a falar deles...
Daqui a pouco embarco para o Cervo.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Quarta gelada!

Daqui a instantes atenderei meus últimos pacientes; já marca no termômetro do metrô Ana Rosa 12 graus e são 18:40; imagino que descerá ainda mais... Em São Paulo se dorme melhor no frio ou com chuva. Até os cães se calam enrolados sobre si mesmos, quero dizer, ensimesmados. Hoje pensei melhor como quero começar meu trabalho de vivências cujo nome será Experiências de Si, envolvendo minha bagagem de conhecimento como professor de arte medicinal indiana que retrabalhei como o nome TS, as artes marciais chinesas, o cura-sui grego e estudos como psicólogo, terapeuta corporal e mestre em Análise do Discurso. Esta semana publicarei em meu site www.levileonel.com.br e disponibilizarei para sites de clínicas escolas. Parece que estou pronto para retomar o trabalho que parei ao ir para o sul...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Culinária ou gastronomia?


31/05/2009
Domingo grisalho, não de velho, mas de falta de luz. Manhã perfeita para plantar o restante da horta, não sem antes tomar o café da manhã – pão integral, queijo das redondezas e suco de laranjas com vários sabores do pomar e fazermos ginástica numa “academia” improvisada num dos quartos da casa. Levamos para lá pequenos halteres de um quilo, além de anilhas e barras mais pesadas para exercitar o tronco, uma dedaleira para fortalecer os punhos, um aparelho que imita remo e outro que imita subir escadas (como se não subíssemos inúmeras vezes a serra em diversas direções! – resquícios de um tempo em que vivemos em SP). Depois de nos alongarmos, a corrida a pé. De alguns dias para cá V. está correndo junto comigo e surpreendendo pelo quanto progride de um dia para o outro. No sopé da serra encontramos macacos dos grandes (sei lá a espécie! Bugio não descem até aquelas alturas, ficam no topo); depois uma dezena de canários da terra! Na volta demos de cara com o Rabicho, que não se deixou prender no canil, escondido no cafezal. Veio rabeando como se não nos visse por dias. Digredi! Volto à horta! Plantamos com muito cuidado algumas dezenas de mudas muito frágeis de catalonhas, beterrabas, um pé de manjericão, uma sálvia, um alecrim, um orégano, um poejo, jilós, brócolis, couve-flor, repolho, aipo. Isso tudo para complementar a outra horta que há três dias, fora plantada por V., enquanto eu estava em SP – pimentas cambuci e biquinho, salsa, coentro, cebolinha, alface, rúcula, almeirão, espinafre e uma erva japonesa presenteada há anos por Vilma, que resistiu a nossa ausência. Foi remudada com louvores!Depois, V. preparou arroz integral com quiabos e queijos derretidos, para serem servidos com uma farofa de amendoins, torrados, triturados e temperados com páprica, curry e açafrão; cozinhou feijão azuki e refogou a couve, que cortei milimetricamente formando fios finos e longos, profundamente verdes. O azeite e um dente de alho deram-lhe o toque da deusa. Os tomates foram temperados com azeite e ervas frescas. Enquanto isso, eu assava no fogão a lenha do Gravetos – o local em que ele está – várias coxas e sobrecoxas de frango; guardados no congelador e reaquecidos serão consumidos pelo correr dos dias! Desde adolescente leio notícias de Findhorn, na Escócia, lugar em que as pessoas criaram uma comunidade naturalista que conversa com as plantas, fazem-nas ouvir música clássica etc, para que suas especiarias sejam grandes, saudáveis e mais vivas que as demais. Sempre invejei suas histórias de couves enormes e sem pragas! Bem, não creio que nossas couves, brócolis e manjericões tenham qualquer gosto musical clássico ou compreendam português, ou um dialeto qualquer; mas tenho certeza que compreendem a linguagem do trabalho cioso, da preparação da terra, dos balaios de folhas velhas e já podres colhidas por V. embaixo das jabuticabeiras e abacateiros – matéria orgânica explodindo de microorganismos loucos para passar vida adiante. Sem essa matéria borbulhante de vida nem Beethoven ou Mozart, mesmo Vila-Lobos, ou minha mais sedutora conversa ou ardente ladainha poderia erguer um centímetro sequer do caule de um alecrim de horta. Não invejo mais John Seymour e seu livro que por inúmeras vezes li sonhando um dia viver do chão!Agora, vamos fazer um passeio a pé, até a raiz da serra, como diz o Eulálio, no “Leite Derramado”, na casa de nossos amigos fraternos, Amanda e Zé, para postarmos essas impressões do dia; serão dois quilômetros e meio de uma bucólica estrada serpenteante, como manda o figurino das estradas de serras, bordada por pinheiros e batida por lufadas de vento frio. PS.: Acabou chovendo fora de época e hora. Tenho que postar amanhã segunda

01/06/2009. Segunda – A lan de Silvianópolis estava fechada; nada estranho para uma cidadezinha de poucos habitantes e numa tarde de segunda! Amanhã em SP, no consultório, faço a postagem. Já era previsto problemas deste tipo...

Nada de extraordinário...

Me preparo para trabalhar em SP; amanheceu com temperatura de 3 graus; manhã frígida, porém, sem vento na serra, o que ajuda muito. Enquanto V. passa a roçadeira em volta da casa, cuido de alguns detalhes da minha estada semanal por lá – notebook, pendrives, agendas, endereços onde deverei ir para resolver assuntos profissionais, palestra, atendimentos psicológicos etc. Chegarei lá por volta das dezesseis e trabalharei até as vinte e duas. Nada de extraordinário...