Adeus Serra do Cervo!

Você que lê este blog já me viu desistir de escrever nele uma outra vez, mas pelo motivo de não encontrar uma história que valesse a pena. Depois voltei atrás por saudades de falar de terra, de bichos e de meu estado de espírito nas serras. Bem, agora é definitivo! Não voltarei mais a este espaço para descrever minha lida pelas serras do Cervo, simplesmente porque não mais estarei por lá. Se vier a escrever sobre minha longa jornada por cada recanto daquele refúgio o será em outro blog, mas para dizer das saudades, reminiscências e imagens indeléveis desta vivência. Este blog será como uma árvore esquecida na retina do viajante em um trem que dispara pelo campo. Ou como mais uma lápide no grande cemitério da web. Grato àqueles que me brindaram com sua leitura. Antes de fechar de vez este espaço farei uma última blogagem, em respeito aos que me seguem. Manterei, limitadamente, o blog http://levileonel.blogspot.com

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A Abelha e o Dentista!

Anteontem, 8 de julho, feriado só em São Paulo saí mais cedo e cheguei ao anoitecer em PA. Já relatei aqui o ritual do Rabicho, pois foi o que logo vi no estacionamento da rodoviária. Vania e seus olhos verde-broto-de-mato-novo me recebeu com seu sorriso acolhedor. Recolhemos o Rabicho e fomos ao Baronesa para comprar algo especial para o fim de semana. Dormimos tarde por causa da excitação de nos revermos depois de algum tempo longe um do outro... Ontem, 9, me dediquei a roçar com Zé Ovídio, um talhão que lhe emprestei para plantar milho e feijão. Um hectare e meio de assapeixes e alecrins do mato que foi pastagem de abelhas tipo apis mellifera scutellata (abelhas africanas), mas que controlaremos e levaremos, no início das águas, para mais longe, para podermos manejar as européias e indígenas, bem como manejar o solo, em novas culturas e pomar. Depois do almoço rearrumei alguns itens domésticos, principalmente uma antena improvisada e eficiente para o rádio e tevê. Sem parabólica, esperando um solução tripla – telefonia, internet e tevê – para um local inóspito em termos de sinais de antenas, pelo menos por hora, vamos assistindo quatro ou cinco canais abertos. A tardezinha, leituras variadas: Continuei Winnicott, em seu artigo “As Raízes da Agressão” (Privação e Delinquência); Lacan (Parte do Seminário 23 – Capítulo A escrita do ego); A cidade antiga de Fustel de Coulanges (pensando em Eni Orlandi quando esta pensa a cidade por meio do discurso); Cidade dos sentidos, de E. Orlandi (pensando a questão do teatro de PA e sua arquitetura como memória histórica). Para ler por prazer, não apenas por compromisso: Situações I de Sartre.

Hoje, em PA, comecei pelo dentista, e todo aquele confortável sentimento de que estou cuidando da saúde e o desconforto de picadas para anestesia, forçamento da boca para que satisfaça as necessidades dos procedimentos etc etc. Felizmente o primeiro é bem mais duradouro do que o segundo! Depois, uma série de problemas a resolver: internet que funcione na serra; algumas emendas com rosca de três quartos para mangueiras de irrigação da horta; encomendar mudas de uvas e jaracatiás; gasolina para a roçadeira; cortar cabelo; biblioteca da Universidade do Vale do Sapucaí; Museu Municipal, Conselho de Psicologia, Atendimentos... Depois, numa lan house, verifiquei e-mails, orkut e coloquei algumas frases que me interessaram na leitura da semana, no blog http://www.levileonel.blogspot.com/

terça-feira, 7 de julho de 2009

Ônibus e leitura combinam!

As desvantagens de não vir de carro a SP são várias; mas as vantagens são consideráveis! Por exemplo, posso refletir longamente sobre o dia anterior, particularmente o final da tarde de segunda e a noite. Como exemplo, pensei longamente sobre uma reunião da AAEcoMinas, associação que reúne produtores rurais de agricultura familiar e concede um selo do IBD como garantia da procedência e idoneidade dos produtos oferecidos. São ecologicamente produzidos, manuseados, com sementes e processamento que minimizam o desgaste da natureza - e até em certos casos a recuperam, como é o nosso caso no Sítio Serra do Cervo. Juntos, Vania e eu, fizemos um balanço das necessidades de se ter o selo de orgânicos e também o quanto teremos que esperar para essa validação. Pareceu uma boa decisão!
Também gravo ou escrevo um ou outro pensamento sobre textos, sessões de terapia, cuidados com o sítio, a quem devo ligar, mensagens a algumas pessoas que o solicitam etc. Sem esquecer, é claro, que são pelo menos duas horas de leitura sem interrupções (a viagem acontece em três horas de rodoviária a rodoviária). Ao chegar em SP, tinha lido a primeira parte de Privação e delinquência, de D. W. Winnicott, sobre as motivações inconscientes da violência, do roubo e outras atitudes anti-sociais. São leituras que já fiz em 1995, num curso de psicologia e, depois, durante uma longa supervisão de Rahel Boraks. Agora que estou para realizar um curso sobre as tendências anti-sociais, me vi na obrigação de rever cada um dos pontos onde o autor finca sua teoria. A obrigação se revelou, mais uma vez, uma grata satisfação! Resumo, até o final de semana, suas principais elocubrações no blog http://www.levileonel.blogspot.com/ conforme combinado com quem tem interesse em acompanhar minha leitura.
Hoje, ante-véspera de feriado em São Paulo, me fez chegar um pouco antes para compensar as horas da quinta que não trabalharei.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

AAEcoMinas e o Recanto das Orquídeas!

Ontem, domingo, pela manhã lemos – V. continuou o Tratado de ateologia e eu dividi entre textos para minha pesquisa sobre o teatro de PA, um resumo da dissertação para o III Encontro de Estudos da Linguagem, algo de Winnicott, sobre a tendência anti-social; para me distrair li alguns capítulos do livro Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão (Paulo Nogueira-Neto), pois tenho uma criação de jataís e gostaria de reproduzi-las sem as agredir. A tarde fomos ao restaurante Recanto das Orquídeas, nas cercanias de Pouso Alegre, cujos donos, Dito e Lia, foram apresentados a Vania em uma reunião da AAEcoMinas, associação que visa criar condições para que algumas propriedades rurais familiares se certifiquem como produtores de alimentos ecologicamente corretos. O restaurante se localiza ao lado de sua horta orgânica, espalhado pelo quintal de sua ecológica propriedade. Foi, como se diz, uma viagem! O Dito, presidente da associação, homem daqueles localizados no chão do mundo, vive da terra e tem aquela simplicidade que conheci na meninice, olhando para os pais e tios, roceiros e trabalhadores no café do norte do Paraná. Enquanto almoçava conheci seus filhos e ouvi um tanto de seus sonhos de anos, tentando criar uma associação que agora está no rumo final para a certificação. Senti seu orgulho de fazer parte de algo tão dignificante. Como não conhecia Lia fui até a cozinha para ser apresentado a ela, a cozinheira – cálida e aconchegante, sorriso pleno.
Para finalizar o domingo, li um pouco mais de “Vida e Criação de Abelhas Indígenas sem Ferrão” e V. foi controlar formigas saúva e quenquen, um combate diário e paciencioso, pois vencê-las jamais. Estamos providenciando gergelim para espantá-las; segundo algumas pesquisas elas odeiam o fungo que produzem. Estamos pagando para ver...

Hoje podei as videiras de mesa, Itália rosa e branca, Moscatel e outras, Retirei do chão mourões já apodrecidos, aplanei o chão e retirei, a base de enxadão, tocos de assapeixes, que roçamos a foice no começo do ano, no final das águas. Exaustos, almoçamos e fomos a PA para uma reunião da AAEcoMinas, à biblioteca da UNIVÁS e ao supermercado para comprar as provisões da semana.