Adeus Serra do Cervo!

Você que lê este blog já me viu desistir de escrever nele uma outra vez, mas pelo motivo de não encontrar uma história que valesse a pena. Depois voltei atrás por saudades de falar de terra, de bichos e de meu estado de espírito nas serras. Bem, agora é definitivo! Não voltarei mais a este espaço para descrever minha lida pelas serras do Cervo, simplesmente porque não mais estarei por lá. Se vier a escrever sobre minha longa jornada por cada recanto daquele refúgio o será em outro blog, mas para dizer das saudades, reminiscências e imagens indeléveis desta vivência. Este blog será como uma árvore esquecida na retina do viajante em um trem que dispara pelo campo. Ou como mais uma lápide no grande cemitério da web. Grato àqueles que me brindaram com sua leitura. Antes de fechar de vez este espaço farei uma última blogagem, em respeito aos que me seguem. Manterei, limitadamente, o blog http://levileonel.blogspot.com

segunda-feira, 29 de março de 2010

Os bichos do mato e os selvagens da cidade!



Final de semana de Ulisses em Ítaca depois de exaustiva semana; ou de Jasão ao recuperar o velocino de ouro. Vania e eu estávamos exaustos! Deixei a roçadeira de lado e me dediquei a ler, escrever e cuidar de tarefas domésticas. Ontem, logo de manhã, para variar, corri na estrada com Kelly Lulu. Corrida curta para descanso geral e tensão mínima dos músculos. Mas começou mal! Foi sair na estrada e nem correra vinte metros já passei pelos sentimentos que apresentei na blogagem dos dias 10, 15 e 16 de janeiro de 2010, onde falei de atropelamento de bichos selvagens por motoristas tresloucados (não posso chamá-los por selvagens para não cometer uma injustiça com o sauá, o mico e outros bichos imolados no altar da religião do carro e do asfalto). Diria incivilizados; talvez seja o suficiente para me explicar.
     Desta vez lá estava um gambá já adulto esmagado no meio da pista! Digamos que minha corrida perdeu o encanto, restando apenas uma sombra do que poderia ter sido. Prometi a mim mesmo que começarei uma campanha com o prefeito Adauto para começarmos uma conscientização que leve as pessoas a caminharem mais devagar por aqueles trechos onde sabidamente surgem animais selvagens. Talvez a implantação de placas indicando o perigo em trechos conhecidos pelo número de animais abatidos, tal como vi aos montes em Balneário Camboriú, Bombinhas e outras cidades litorâneas de Santa Catarina. Parece que todos os incivilizados para lá foram, a julgar pelo numero de placas fincadas na estradas vicinais avisando que aqueles locais são "povoados" por animais selvagens, pedindo que baixem a velocidade para preservá-los.
      Mas será leda ilusão se acreditarmos que em Espírito Santo do Dourado não há placas por causa da civilidade de seus habitantes e dos que para lá afluem nos finais de semana (momento em que se mata mais!). Como frequento quase que diariamente a estrada, sou testemunha de manobras arriscadas de pessoas que fazem as curvas em alta velocidade ao ponto dos pneus "gritarem" na brita. "Seu" Antônio e seus filhos também testemunham isso: moram mais abaixo e entre duas curvas na via. Ouvem diariamente a insanidade dos motoristas derrapando no asfalto, indiferentes até a própria saúde. Como exemplo, um dia ouvimos um estrondo espantoso exatamente na curva acima de sua casa, a metros de onde achei mortos gambá, sauá, sagui, cobras, camambevas, urubus, caracóis etc. Tratava-se, para nossa surpresa, de um caminhão cujo motorista desceu a serra aloucado e perdeu a mão. Arrebentou cerca de arame e alguns mourões e foi parar trinta metros abaixo no pasto. Para sua sorte o pasto cerrado e pequenas árvores seguraram o veículo, minimizando os ferimentos nos corpos do motorista e do carona. Por pouco não fora uma tragédia, acrescentando-se mais uma cruz ao acervo delas à beira da estrada.
     Se não fizermos alguma coisa logo e a belíssima estrada, com sua paisagem deslumbrante, servirá apenas como enfeite de cruzes melancólicas e de paisagem para memórias doloridas de sobreviventes inocentes. E não falo poeticamente aqui, de animais selvagens. Se antes me preocupava os animais, agora já me preocupa o bicho-gente!
     (A data das fotos não confere, mas trata-se apenas de manejo inadequado da função "data" e "hora"; trata-se de uma câmera sem função de data e hora automática; prometo melhorar o maquinário...)

Nenhum comentário: