Adeus Serra do Cervo!

Você que lê este blog já me viu desistir de escrever nele uma outra vez, mas pelo motivo de não encontrar uma história que valesse a pena. Depois voltei atrás por saudades de falar de terra, de bichos e de meu estado de espírito nas serras. Bem, agora é definitivo! Não voltarei mais a este espaço para descrever minha lida pelas serras do Cervo, simplesmente porque não mais estarei por lá. Se vier a escrever sobre minha longa jornada por cada recanto daquele refúgio o será em outro blog, mas para dizer das saudades, reminiscências e imagens indeléveis desta vivência. Este blog será como uma árvore esquecida na retina do viajante em um trem que dispara pelo campo. Ou como mais uma lápide no grande cemitério da web. Grato àqueles que me brindaram com sua leitura. Antes de fechar de vez este espaço farei uma última blogagem, em respeito aos que me seguem. Manterei, limitadamente, o blog http://levileonel.blogspot.com

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Roçar no carnaval, viver nas nuvens e o sapato preto da Gabi!

Além de roçar com foice, o que exige rudeza, velocidade, direção e ponto de impacto para seus melhores efeitos, pelo menos por três horas no sábado e três no domingo, uso uma roçadeira a gasolina. Bem mais fácil de usar, infelizmente nada pode contra ramos mais troncudos, além de uns arranhões. Então, como de costume no verão, a cada três semanas, faço a pele do imenso quintal onde nossos cães brincam, deixando grama e capim a menos de dois centímetros de altura. Como a terra é feminina (nos meus delírios infantis) imagino que estou sendo usado por ela para depilar, à flor da pele, seus tímidos pelos axilares. Suas dobras pilosas vão aparecendo ao roçar da lâmina afiada - ficando mais e mais sensual - usando como moldura o milharal ao fundo e serra acima.
Nestas alturas, a entrada da propriedade já pede que lá volte para roçar-lhe a pele de entrada, junto ao portão. É sempre assim no verão; quando termino de roçar a volta da casa lá em cima, passando pelo grande pomar, os primeiros metros da via que vai da estrada até a pequena casa, já pede meus cuidados. Isso só será exceção no inverno, quando a terra esfria, a braquiária "morre" e a grama paralisa. Mas, até lá há muito quilômetro quadrado para desenhar com decisão e arrojo. É um ir e vir sem fim!
Então, em pleno carnaval, próximo passado, me diverti nesta, como dizem os adolescentes, ralação com a terra. Além do sábado e domingo trabalhei a segunda e a terça neste flerte. Nada de amor de carnaval! Ela exige amor eterno, pelo menos enquanto eu durar!
Neste quintal roçado com esmero está Gabi com suas orelhas de descontentamento, por causa da meia preta na pata direita traseira, onde uma mosca botou-lhe seu ovo, que nestas alturas, ao curarmos seus dedos, já inchava e supurava. Para que não arrancasse o curativo e lambesse o remédio imposto, cortei uma meia de trabalho e com esparadrapo Vania fixou-a sobre o trato. Virou um sapatinho elegante, que não durou mais que uma noite, tempo suficiente, porém, para que o remédio fizesse seu efeito. Agora já está perfeitamente bem.