Adeus Serra do Cervo!

Você que lê este blog já me viu desistir de escrever nele uma outra vez, mas pelo motivo de não encontrar uma história que valesse a pena. Depois voltei atrás por saudades de falar de terra, de bichos e de meu estado de espírito nas serras. Bem, agora é definitivo! Não voltarei mais a este espaço para descrever minha lida pelas serras do Cervo, simplesmente porque não mais estarei por lá. Se vier a escrever sobre minha longa jornada por cada recanto daquele refúgio o será em outro blog, mas para dizer das saudades, reminiscências e imagens indeléveis desta vivência. Este blog será como uma árvore esquecida na retina do viajante em um trem que dispara pelo campo. Ou como mais uma lápide no grande cemitério da web. Grato àqueles que me brindaram com sua leitura. Antes de fechar de vez este espaço farei uma última blogagem, em respeito aos que me seguem. Manterei, limitadamente, o blog http://levileonel.blogspot.com

domingo, 8 de agosto de 2010

O sítio de ontem e de hoje!

As duas fotos ao lado são amostras muito pálidas de como encontrei meu quintal quando nos mudamos de volta lá de Balneário Camboriu, em Santa Catarina. Ao migrarmos para lá, emprestamo-la a um jornalista, que a deixou, sem nos avisar, tal como se pode ver nos detalhes. Havia madeira apodrecendo, encostada na tulha, cuja vista era impedida por capim napiê de dois a três metros de altura; a grama do quintal foi tomada por capim braquiária e na segunda foto mal se pode ver o canil cercado por pés enormes de assa-peixes, capim e ervas daninhas. Compare-se com as fotos posteriores, depois de um ano de trabalho e paciência com o capim, cortando-o religiosamente a cada duas semanas e temos o quintal das últimas fotos. Onde havia o napiê voltou a ser nossa singela horta e onde estavam os assa-peixes e erva daninhas avançamos ainda mais um quintal florido.


Hoje muitos meses depois, após um trabalho braçal gigantesco, conseguimos, Vania e eu, dar conta do recado. Não acabamos ainda; melhor dizendo, há muito o que fazer, mas não se compara o que vimos então, com o que vemos agora. Tudo roçado, as árvores podadas com respeito, a encosta do pomar já recuperada e suas árvores frutíferas, já carregadas. No primeiro ano, no máximo colhemos laranjas, que são rústicas e teimosas. De resto, nada mais. Mesmo sem acabar o processo, no correr desse segundo ano de recuperação, já colhemos calaburas, jaracatiás, figos, algumas mangas, abacates aos montes (estes também são teimosos); colhemos ainda algumas cabeludinhas, graviolas e nêsperas.
 Agora já posso vislumbrar uma primavera abundante de flores e frutos no verão. Tenho, a cada dia, me iniciado em alguma arte de sobrevivência aqui neste bosque plantado por nossas mãos. Como exemplo aprendi a construir portões de ripas para conter nossos cães enquanto vamos a cidade a trabalho. Fincar mourões e esticar arame farpado foi um desafio e tanto! Sem a prática do homem do campo, acabei usando umas luvas de borracha especial para reduzir os estragos na pele da mão; ainda assim, alguns cortes foram inevitáveis. 
Dominar a arte de conduzir água por curvas de nível também foi um drama. Usei, digamos o golpe de vista. Dizem que foi sorte de principiante! Mas não podem esquecer que a água por si mesma nos ensina por onde quer escorrer... 
Acabei conseguindo que nossa horta desse novamente morangos, além dos itens de verduras e alguns frutos de horta. Foi um feito, porque decidimos que seriam morangos orgânicos (como tudo que plantamos), e todo mundo acha que morango sem veneno é quase um milagre; nasce pequeno, feio, pouco saboroso, pouco nutritivo - um zero à esquerda, afinal! Mas em minha horta eles reluzem, escarlates, ao sol da manhã. Um espetáculo! (nota posterior: há o caso dos produtores da AAECOMINAS que obtém resultados maravilhosos e mesmo mais bonitos do que aqueles com veneno; creio que todo trabalho ecológico com frutas delicadas como os morangos acabam conseguindo esse "milagre" Veja postagem de http://avidanaserradocervo.blogspot.com/2009/07/aaecominas-e-o-recanto-das-orquideas.html e também: http://avidanaserradocervo.blogspot.com/2010/09/um-chuvisco-e-tudo-muda.html )

E assim é que vai continuando a história daquele sítio abandonado por quase ano e meio, entre 2007 e 2008. Não há nem mais sinal da passagem do tal jornalista!     

PS.: A data das duas primeiras fotos na verdade deveriam ser de outubro de 2008, não fosse minha dificuldade em acertar a programação das informações. As outras fotos indicam que isso não é mais um problema; me senti um macaco do "2001-uma odisséia no espaço", depois de bater com uns cacos de ossos sobre seu visor, apareceu o obelisco misterioso que tudo explicava. Pulei como aqueles macacos, para cima e para os lados, guinchando de alegria por colocar a data certa em minhas clicadas. De lá para cá me vanglorio de já ter entrado na idade média da informática!!