Vania e eu fazemos parte desse contingente de interessados no ambiente - em deixar matas crescerem nas proporções necessárias, plantar bosques com árvores nativas e frutíferas, reservando o entorno de minas e regatos. Percebemos que há uma surda e muda diferença entre nossa atitude e a daqueles que são nascidos por aqui e que insistem em manter pastagem em encostas e beiras de rios e regatos, bem como no uso descabido de agrotóxicos, herbicidas e adubos químicos, sob o argumento míope de que só assim podem conviver com a natureza. Para se ter uma idéia do absurdo desta posição, nossas terras, que, repito, são bem recuperadas (não ainda como sonhamos, é verdade), anos após chegarmos aqui, ainda não podem produzir e manter os nutrientes suficientes para dar frutas como caquis, peras, maçãs e outras mais comuns. O que dizer de terras que são aradas por trator, atacadas por herbicidas, fogo e adubos? São terras imprestáveis, sugadas até a exaustão, que sozinhas mal produzem capim para o gado. É por isso que vejo os pastos como desertos verdes!!
Uma respiração para me justificar. Não esqueço nunca de que esse sujeito do campo é antes de tudo, e principalmente, sujeito de mercado, como eu e você - e por isso vive na contigência de explorar sem piedade a terra, para que esta lhe provenha de meios para que possa frequentar a vida civil. Esse é um ponto cego eternamente presente em nosso campo de visão. Afinal, argumentamos todos, como fará para sobreviver, senão corroendo a crosta terrestre onde vive? Boa pergunta.
Voltemos ao Guaxinim. Esse sujeito do campo, não quer o Guaxinim por aqui; alie-se a isso um tipo de gente que passa fins de semana em seus sítios nas redondezas, vindos de Pouso Alegre e mesmo de São Paulo. São deseducados, inconsequentes, cuja virulência do comportamento destrutivo inocula até o chão em que pisam. Falo disso, pensando nas dezenas de latas de cerveja e sacos de lixo que arremessam na beira das estrada, e que recolho com raiva, tentando manter a beleza deslumbrante do lugar. Esse tipo de frequentador eventual passa por aqui em alta velocidade atropelando tudo que supreende atravessando a bucólica via. Já vi de cães a cobras, de aruás (caramujo gigante) a guaxinins, destroçados por carros dirigidos loucamente. Me pergunto por que alguém dirige naquelas estradas a mais de quarenta quilômetros por hora? Onde estará indo? Relaxar nas montanhas da região? Mas por que a pressa?
Sem ingenuidade, é óbvio que acidentes acontecem e é óbvio que alguns dias estamos atrasados por acidentes vários. Mas pergunto por que o atropelamento de bichos está tão frequente?
Lembrando que quem dirige por aqui é o homem do campo e os visitantes para divertir-se e relaxar, faço um apelo às autoridades para que criem um projeto de educaçao ambiental, sugerindo muito baixas velocidades nas vias de acesso à cidade e sacos de lixo que levem consigo para depositar em locais apropriados, que, por sua vez podem ser ampliados, já que alguns realmente estão a disposição.
Bolas! Que saiam mais cedo de suas casas (aqueles que trabalham) e que olhem com atenção as maravilhas deste lugar (aqueles que visitam Espírito Santo do Dourado). Para isso precisam dirigir bem devagar, senão perdem lances como os Jacus que estavam na beira da pista, tratando de seu filhote, hoje de manhã, enquanto eu corria (a pé, claro).
Para aqueles que achavam que só falo do bom e melhor, por que vivo em um paraíso, sinto desaponta-los.
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