Há certo gozo com a agressividade de se viver em São Paulo, ou nas cidades, ou aqui no Cervo; de ordens diferentes, é verdade. Há certa fúria surda na defesa comezinha de ser cidadão e ter direito a ir e vir, fazer e desfazer, viver no espaço citadino... Penso nisso, quando, ao andar pela Domingos de Morais, próximo ao consultório em São Paulo, fui ouvindo uma música que tocava no carro de um jovem. Nada que eu ouvisse no fone de ouvido ou num fundo musical para uma tarde de leitura nos meus sábados no Cervo. Sequer ouviria aquela música para me divertir ou esquecer que estou no ruído da cidade; prefiro o rugir dos carros! Mas lá estava eu ouvindo-a! O jovem talvez já estivesse com os tímpanos rompidos, por isso nada sabia da vizinhança!? Eu não queria ouvir aquilo..., mas ouviria até virar a esquina, e cem metros depois ainda podia ouvi-la, nitidamente. Depois, só o troar dos carros...
Como saber que se está invadindo os limites do outro, numa cidade em que se consegue o milagre de colocar dois corpos em um mesmo espaço físico? Bem, para que a fúria não me surgisse em algum escaninho do corpo, pensei em delícias que posso criar, no meio da fúria do som! Que William Faulkner não me leia do seu túmulo quase centenário, fazendo jogos com seu título de livro...
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