Os últimos dias têm sido de trabalho no limite de nossas forças. A rotina é levantar cedo, café reforçado, passar a roçadeira em brachiária de um metro de altura, deixando os assa-peixes e alecrins do mato para roçar na foice. Vania junta o capim em volta das fruteiras com uma enxada grande e limpa um círculo à volta delas. Isso se faz lentamente, por mais de um hectare de pomar. Suor em bicas; braços doloridos; punhos dormentes; satisfação plena! Os quatro do apocalipse, nossos amiguinhos, sempre juntos.
Uma macieira, três pés de limão siciliano, três pés de limões do mato, vários pés de laranja, não resistiram ao ataque de brocas. Ficam lá com seus braços secos, esgalhados, desfolhados, pedindo a clemência dos céus... mas nada irá acontecer. Suas preces não surtirão efeito. Nenhum deus dos cítricos intervirá, pois as brocas também são filhas de deus. Resta-lhes o milagre de um humano, por interesse bastante datado e situado, julgar que um deles dele sobreviver... Então, com o heroísmo daqueles que sabem que a vida quer viver, mas que precisam decidir quem sobreviverá, ciosamente matamos as brocas. Ou salvamos as laranjeiras, o que dá no mesmo.
Daqui trinta dias podaremos as uvas, macieiras, pereiras, figos, caquizeiros, quiwizeiros e outros. Hoje à noite, em São Paulo, dormindo ao som do murmúrio das ruas e apartamentos, terei saudade do silêncio e do corpo quente de V. neste outono frio do Cervo... V. para não arriscar a vida (há ainda muita jararaca e cascavel no pomar) roçando sozinha, cuidará de consertos gerais por perto da morada...
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