Adeus Serra do Cervo!

Você que lê este blog já me viu desistir de escrever nele uma outra vez, mas pelo motivo de não encontrar uma história que valesse a pena. Depois voltei atrás por saudades de falar de terra, de bichos e de meu estado de espírito nas serras. Bem, agora é definitivo! Não voltarei mais a este espaço para descrever minha lida pelas serras do Cervo, simplesmente porque não mais estarei por lá. Se vier a escrever sobre minha longa jornada por cada recanto daquele refúgio o será em outro blog, mas para dizer das saudades, reminiscências e imagens indeléveis desta vivência. Este blog será como uma árvore esquecida na retina do viajante em um trem que dispara pelo campo. Ou como mais uma lápide no grande cemitério da web. Grato àqueles que me brindaram com sua leitura. Antes de fechar de vez este espaço farei uma última blogagem, em respeito aos que me seguem. Manterei, limitadamente, o blog http://levileonel.blogspot.com

terça-feira, 26 de maio de 2009

O pomar e o deus dos cítricos!

Os últimos dias têm sido de trabalho no limite de nossas forças. A rotina é levantar cedo, café reforçado, passar a roçadeira em brachiária de um metro de altura, deixando os assa-peixes e alecrins do mato para roçar na foice. Vania junta o capim em volta das fruteiras com uma enxada grande e limpa um círculo à volta delas. Isso se faz lentamente, por mais de um hectare de pomar. Suor em bicas; braços doloridos; punhos dormentes; satisfação plena! Os quatro do apocalipse, nossos amiguinhos, sempre juntos.
Uma macieira, três pés de limão siciliano, três pés de limões do mato, vários pés de laranja, não resistiram ao ataque de brocas. Ficam lá com seus braços secos, esgalhados, desfolhados, pedindo a clemência dos céus... mas nada irá acontecer. Suas preces não surtirão efeito. Nenhum deus dos cítricos intervirá, pois as brocas também são filhas de deus. Resta-lhes o milagre de um humano, por interesse bastante datado e situado, julgar que um deles dele sobreviver... Então, com o heroísmo daqueles que sabem que a vida quer viver, mas que precisam decidir quem sobreviverá, ciosamente matamos as brocas. Ou salvamos as laranjeiras, o que dá no mesmo.
Daqui trinta dias podaremos as uvas, macieiras, pereiras, figos, caquizeiros, quiwizeiros e outros. Hoje à noite, em São Paulo, dormindo ao som do murmúrio das ruas e apartamentos, terei saudade do silêncio e do corpo quente de V. neste outono frio do Cervo... V. para não arriscar a vida (há ainda muita jararaca e cascavel no pomar) roçando sozinha, cuidará de consertos gerais por perto da morada...

Nenhum comentário: