31/05/2009
Domingo grisalho, não de velho, mas de falta de luz. Manhã perfeita para plantar o restante da horta, não sem antes tomar o café da manhã – pão integral, queijo das redondezas e suco de laranjas com vários sabores do pomar e fazermos ginástica numa “academia” improvisada num dos quartos da casa. Levamos para lá pequenos halteres de um quilo, além de anilhas e barras mais pesadas para exercitar o tronco, uma dedaleira para fortalecer os punhos, um aparelho que imita remo e outro que imita subir escadas (como se não subíssemos inúmeras vezes a serra em diversas direções! – resquícios de um tempo em que vivemos em SP). Depois de nos alongarmos, a corrida a pé. De alguns dias para cá V. está correndo junto comigo e surpreendendo pelo quanto progride de um dia para o outro. No sopé da serra encontramos macacos dos grandes (sei lá a espécie! Bugio não descem até aquelas alturas, ficam no topo); depois uma dezena de canários da terra! Na volta demos de cara com o Rabicho, que não se deixou prender no canil, escondido no cafezal. Veio rabeando como se não nos visse por dias. Digredi! Volto à horta! Plantamos com muito cuidado algumas dezenas de mudas muito frágeis de catalonhas, beterrabas, um pé de manjericão, uma sálvia, um alecrim, um orégano, um poejo, jilós, brócolis, couve-flor, repolho, aipo. Isso tudo para complementar a outra horta que há três dias, fora plantada por V., enquanto eu estava em SP – pimentas cambuci e biquinho, salsa, coentro, cebolinha, alface, rúcula, almeirão, espinafre e uma erva japonesa presenteada há anos por Vilma, que resistiu a nossa ausência. Foi remudada com louvores!Depois, V. preparou arroz integral com quiabos e queijos derretidos, para serem servidos com uma farofa de amendoins, torrados, triturados e temperados com páprica, curry e açafrão; cozinhou feijão azuki e refogou a couve, que cortei milimetricamente formando fios finos e longos, profundamente verdes. O azeite e um dente de alho deram-lhe o toque da deusa. Os tomates foram temperados com azeite e ervas frescas. Enquanto isso, eu assava no fogão a lenha do Gravetos – o local em que ele está – várias coxas e sobrecoxas de frango; guardados no congelador e reaquecidos serão consumidos pelo correr dos dias! Desde adolescente leio notícias de Findhorn, na Escócia, lugar em que as pessoas criaram uma comunidade naturalista que conversa com as plantas, fazem-nas ouvir música clássica etc, para que suas especiarias sejam grandes, saudáveis e mais vivas que as demais. Sempre invejei suas histórias de couves enormes e sem pragas! Bem, não creio que nossas couves, brócolis e manjericões tenham qualquer gosto musical clássico ou compreendam português, ou um dialeto qualquer; mas tenho certeza que compreendem a linguagem do trabalho cioso, da preparação da terra, dos balaios de folhas velhas e já podres colhidas por V. embaixo das jabuticabeiras e abacateiros – matéria orgânica explodindo de microorganismos loucos para passar vida adiante. Sem essa matéria borbulhante de vida nem Beethoven ou Mozart, mesmo Vila-Lobos, ou minha mais sedutora conversa ou ardente ladainha poderia erguer um centímetro sequer do caule de um alecrim de horta. Não invejo mais John Seymour e seu livro que por inúmeras vezes li sonhando um dia viver do chão!Agora, vamos fazer um passeio a pé, até a raiz da serra, como diz o Eulálio, no “Leite Derramado”, na casa de nossos amigos fraternos, Amanda e Zé, para postarmos essas impressões do dia; serão dois quilômetros e meio de uma bucólica estrada serpenteante, como manda o figurino das estradas de serras, bordada por pinheiros e batida por lufadas de vento frio. PS.: Acabou chovendo fora de época e hora. Tenho que postar amanhã segunda01/06/2009. Segunda – A lan de Silvianópolis estava fechada; nada estranho para uma cidadezinha de poucos habitantes e numa tarde de segunda! Amanhã em SP, no consultório, faço a postagem. Já era previsto problemas deste tipo...
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