Adeus Serra do Cervo!

Você que lê este blog já me viu desistir de escrever nele uma outra vez, mas pelo motivo de não encontrar uma história que valesse a pena. Depois voltei atrás por saudades de falar de terra, de bichos e de meu estado de espírito nas serras. Bem, agora é definitivo! Não voltarei mais a este espaço para descrever minha lida pelas serras do Cervo, simplesmente porque não mais estarei por lá. Se vier a escrever sobre minha longa jornada por cada recanto daquele refúgio o será em outro blog, mas para dizer das saudades, reminiscências e imagens indeléveis desta vivência. Este blog será como uma árvore esquecida na retina do viajante em um trem que dispara pelo campo. Ou como mais uma lápide no grande cemitério da web. Grato àqueles que me brindaram com sua leitura. Antes de fechar de vez este espaço farei uma última blogagem, em respeito aos que me seguem. Manterei, limitadamente, o blog http://levileonel.blogspot.com

terça-feira, 30 de junho de 2009

Deus x EUA!

Não sou torcedor de um time do coração, como se diz, mas daqueles que só vêem jogos da seleção! Portanto, sou dos que torcem uma ou outra vez, frente a tela de tevê, e isso “coincide” com jogos de copas mundiais ou, como nesse caso, grandes jogos internacionais. Isso produz desvantagens óbvias nas conversas com meus amigos, tal como a da tarde de domingo, em casa de Zé Maria, onde nada sabia sobre seus times de origem, onde jogam, na Europa, no Barein, etc etc. Não tenho hábito de acompanhar time do estado ou da cidade onde moro, mas prometi a mim mesmo que vou fazer progressos nesse sentido, começando por assistir jogos do time de Pouso Alegre! Espero ficar tão ansioso quanto nas partidas da seleção. Brincadeira! Nada pode produzir o efeito futebol em mim, exceto os canarinhos (fora de moda dizer canarinho? Agora já escrevi!).
Mas tem algo que me incomoda profundamente, cada vez mais se repetindo, nestas tentativas de me divertir com o time brasileiro. É que não mais tenho certeza de que estou torcendo por um time de futebol, ou por uma seita cristã em cruzada contra outras seitas cristãs. Desta feita, quando um tal de Lucio marcou seu gol eu não soube se devia admirar sua arte, seu talento no esporte, ou devia desconsiderar o show de controle, a técnica admirável, a precisão absurda, o senso de oportunidade, e cair de joelhos pelo talento de um certo Cristo ou Deus que dirigiram sua cabeça para o feito. Fiquei sem saber se os americanos tiveram menos fé em Deus e por isso foram castigados pela insolência perdendo a partida, no último dia do certame (xi! Isso também está fora de moda; é do tempo do Silvio Luiz!). Ou talvez não soubessem que Deus estava do lado dos brasileiros e seu único destino era o fracasso. Quase me senti ofendido por não me avisarem que competição se tratava. Fiquei longamente em silêncio, olhando aquela manifestação midiática, de uma convicção íntima imposta ao mundo todo; mesmo quem não é cristão ou é ateu, teve que engolir aquela grosseria se quisesse se divertir com sua seleção. Como os não-cristãos ou os cristãos de outras seitas, poderão assistir um jogo laico, pela bandeira do país, e demonstrar seu apreço pelos seus heróis? Afinal, eu assisti uma partida de futebol entre duas seleções de países diferentes se digladiando desportivamente ou dois partidos religiosos provando sua fé à base de chutes na rede do time ímpio? É, no mínimo uma competição de mau gosto, desrespeitosa e deselegante. Gostaria de ser poupado do engôdo de estar torcendo por uma cruzada cristã ao invés de me emocionar com a competição esportiva entre dois times. Me sinto ridículo no final do jogo, sem saber qual era o fim do jogo; qual era o gozo a que devia meu alívio final; a quem deveria brindar?
Fico me perguntando se aquelas camisas com palavras de ordem apareceriam se o time brasileiro tivesse perdido. Um tal de Kaká não agradeceria a Deus por ter perdido a partida? Teria o topete de não mostrar a camisa escrita, desobedecendo seu Deus, achando que o resultado não seria digno de ser inscrito no corpo. Vou dizer! Não sei de que matéria é feita essa turma dos escritos religiosos no corpo; desconfio que desrespeito e deselegância para com o país, trocando uma competição por outra – a esportiva pela religiosa. Bem, como sou torcedor de copa, só daqui doze meses terei que passar por essa bizarrice para ver um bom espetáculo de futebol. Até lá terei esquecido, creio. Neste quesito os americanos deram um show de respeito esportivo! Nenhuma inscrição, que eu tenha visto, que enganasse o telespectador (se bem que perderam, nunca saberemos que inscrições escondiam na manga!).
Ah! Antes de encerrar... Claro que os kakás, lucios, robinhos e outros tem o direito de agradecer a um deus etc, mas eles devem admitir que fica muito difícil imaginar o outro time agradecendo a Deus por ter perdido. Quem perde faz o que com essa informação: “Graças a Deus vencemos!” Devo entender que graças a Deus o outro perdeu? Pelo ridículo da situação preferiria que os jogadores agradecessem em suas igrejas. No campo, só homenagens a sua nação. Por favor, dediquem suas vitórias à nós os brasileiros! O deus de vocês não representa toda a diversidade de crenças do Brasil.

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