Adeus Serra do Cervo!

Você que lê este blog já me viu desistir de escrever nele uma outra vez, mas pelo motivo de não encontrar uma história que valesse a pena. Depois voltei atrás por saudades de falar de terra, de bichos e de meu estado de espírito nas serras. Bem, agora é definitivo! Não voltarei mais a este espaço para descrever minha lida pelas serras do Cervo, simplesmente porque não mais estarei por lá. Se vier a escrever sobre minha longa jornada por cada recanto daquele refúgio o será em outro blog, mas para dizer das saudades, reminiscências e imagens indeléveis desta vivência. Este blog será como uma árvore esquecida na retina do viajante em um trem que dispara pelo campo. Ou como mais uma lápide no grande cemitério da web. Grato àqueles que me brindaram com sua leitura. Antes de fechar de vez este espaço farei uma última blogagem, em respeito aos que me seguem. Manterei, limitadamente, o blog http://levileonel.blogspot.com

terça-feira, 14 de julho de 2009

As costas da serpente e o ventre do ônibus!


Manhã gelada na serra! Daqui de cima posso ver a calha do rio do Cervo sob uma massa compacta de vapor, agora que o Sol já aquece a geada. A estrada que vai a Espírito Santo do Dourado, como uma cobra grande e cinza, com uma faixa amarela no dorso, se esconde nessa brancura de doer os olhos, como se fosse seu ninho de algodão. O que fará lá embaixo, cinco quilômetros depois, no bairro do Cervo e suas poucas casas aglomeradas em torno do bar do Marquinho e da igrejinha? Os moradores, nesse momento envoltos na cerração, bem no meio do ninho dela. Dez para a sete, o dia começando, e o ônibus já desceu a encosta, como um bichinho marrom e branco, deslizando pelas costas da serpente, levando trabalhadores cujos empregos se distribuem pela cidade. Depois vai desovando gente desde o São Geraldo até o ponto final. Mais tarde, entre onze e quarenta e meio dia, serei eu um dos últimos a ser vertido do ventre do ônibus no átrio da rodoviária; lá comprarei a passagem a São Paulo e no meio da tarde estarei sentado em minha poltrona permitindo que a primeira história de vida verta do ventre de alguém, com suas contrações e relaxamentos, pedindo que acolha seus restos e com eles possamos vislumbrar uma nova vida...

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